terça-feira, 8 de maio de 2012

Ser lona, ser picadeiro, ser palco. Dar vida ao Palhaço Tomate!


Bruna Silveira



Perto do Jardim, atrás da Sé, alguns passos da Direita, é aí que eu moro. Já fiz parte de muitas peças teatrais, shows, espetáculos de dança e outros. Muita arte já foi vista por minha causa. Em minha programação, ontem era meu dia de descanso, mas devido à quase chuva, o pessoal do Circovolante resolveu me usar para que os espetáculos pudessem ser realizados. Não achei ruim não, muito pelo contrário, adoro palhaços! Apesar de saber que eles não são aquela minha metade da laranja, eu os adoro. Confesso que às vezes sinto até ciúmes da minha amiga rua, pois ela, sim, ela, sim, é um belo picadeiro para aqueles suspensórios, meias estampadas e narizes colocados. Palhaço e rua que foram feitos um para o outro. Mas eu também sei brincar de ser lona.

Depois de muito trabalho, cor distribuída, confetes jogados em mim, música tocada, emoção fornecida e gargalhadas escutadas, pude então descansar. E foi de repente que o Xisto se dirigiu a mim e disse: Com vocês, o palhaço Tomate em “Utomate tomato puro”!

Ouvi uma porção de palmas e pensei: é isso mesmo? Já tá cheio de gente aí? Então, por impulso, abri minhas cortinas e vi surgir outro artista. Sei lá, posso ser sincero? Me assustei, ele era diferente. Ainda era o festival? Ele era mesmo um palhaço? Vi um homem com uma peruca exageradamente branca, uma roupa preta, meias listradas. Tá, o sapato era mesmo de palhaço. Mas estranhei. Minhas luzes não pararam um só minuto, puderam revelar meu humor surpreso.

Fotos: Jamylle Mol
Naquela noite, ouvi uma voz com sotaque diferente, minhas coxias cochicharam entre si, curiosas. Meu piso feito de madeira ficou ali, estático. Vi botões vermelhos, vi um homem que soprava, enchia bexigas.
 (Risadas) Que engraçado! (Risadas) Eram piadas provocantes, pensantes. (Gargalhadas) É, ele é palhaço. E dos bons! (Gritos) Eram incríveis esculturas de balão, foi mergulhador e me tratou como mar. Toda vez que ele tirava uma bexiga do bolso, eu ficava ansioso para saber o que estava por vir. Seria outro animal? Até um avestruz de balão ele fez!

O máximo mesmo foi quando encheu aquela enooorme bexiga branca, que combinava com o tom de seus “cabelos”. Fiquei tão empolgado que direcionei uma das minhas luzes só para ele. A bola branca foi para as costas, vi um Papai Noel, foi para a cabeça, vi um cogumelo. Eis que uma hora, ele, de costas, muda o formato da bexiga em sua cabeça, coloca uma manta vermelha e se vira para o público, era o papa! (clap clap clap) Esse momento foi mesmo incrível. Virou a manta, ali se formava uma bandeira colorida. Era a diversidade! 



Achando que o espetáculo havia chegado ao fim, fechei meus panos de veludo vermelho, e pensei como foi boa a noite de risadas daquele homem multifacial de humor irreverente. Mas não, não havia acabado ainda. O melhor do espetáculo ainda estava por vir. Uma mulher de branco veio em minha direção, tocou delicadamente uma linda música em um acordeon. Do outro canto, surge novamente Tomate, o palhaço Tomate. 

Embalado pelas notas musicais, ele foi aos poucos se descaracterizando, se caracterizando de Vitor Avalos. Argentino, engraçado de natureza, de perfil extravagante. Ao tirar a maquiagem, vi seus olhos. Pude ver vida no palhaço. (Sempre amei admirar os artistas retirando a tinta do rosto em meu camarim. Ali, vejo alma.) Tomate brincou com o reflexo que o espelho fazia nas pessoas. Distribuiu um pouco da luz do meu refletor para o público. 

Ao me emocionar, eu, palco, tive a certeza. É, ele era, sim, um palhaço.



Agente MimoTuga fiscalizando o riso


Laura Ralola


Fotos: Mari Fonseca


Até o tempo se rebelou com o final do CIRCOVOLANTE - 4º Encontro de Palhaços. No último dia de evento, terça-feira (1), o frio cortava e saia fumaça da boca quando as pessoas falavam. A cidade de Mariana estava, entretanto, ainda cheia de alegria, gente e cores. Precisava cobrir apenas mais uma apresentação para fechar minha participação na equipe de cobertura. Por alguns minutos esperei no local marcado sozinha, em um lugar estratégico para fugir do vento. Com o passar do tempo eu permanecia no mesmo lugar, ainda só. Pensando que poderia ter me confundido com a programação segui andando sem rumo.

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Que susto! 
Um guarda de trânsito exótico, vestido com roupas laranja, passou do outro lado da rua apitando feito um louco. “O que está acontecendo?”, pensei. Porém, a distração era tanta que eu realmente não olhei para o rosto do guarda. Parecia que estava em uma cidade grande e movimentada, onde os guardas apitam sem parar por conta do trânsito infernal. Acreditando que realmente estava, apertei o passo. 

BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Jesus, o que tá acontecendo...
A buzina saía da moto parada no meio da rua e uma pequena multidão se aglomerava em volta dela. “Acidente de trânsito aqui?”, sussurrei e, com uma mescla de curiosidade e preocupação, cheguei mais perto. “Por que a pessoa que está na moto continua buzinando?”. Nas pontas dos pés para conseguir enxergar melhor vi que o motoqueiro havia ido embora sem mais nem menos. O mesmo guarda que passou por mim estava parado no local. As pessoas davam gargalhadas. “Tão rindo de que, gente?”. 

Já estava desconfiada que havia perdido alguma coisa e foi aí que,  o guarda parou mais um carro e simplesmente abriu a porta e sentou no banco do carona. Nesse momento eu, pela primeira vez, o encarei. Seu rosto era branco e o nariz vermelho. Não é que o guarda era, na verdade, um grandissíssimo palhaço? 
Como eu não reparei? Na parte de trás da sua roupa era mais do que visível, em letras garrafais, o seu nome: Tuga. Era por ele que eu esperava sozinha um pouco mais a frente. A roupa era apenas uma imitação, bem humorada, do uniforme de um guarda de trânsito. 

O palhaço Mimo Tuga fazia graça com todas as pessoas que passavam pela rua de carro, moto ou bicicleta. O público crescia cada vez mais e a onda de gargalhadas se propagava pela rua. Tinha gente que saia do carro e dançava com Tuga, outros buzinavam no ritmo do apito e das palmas. Teve um que até entregou a chave para trocar de lugar com o palhaço. Tuga saiu dirigindo o carro, mas logo o abandonou e entregou a chave para o dono. Depois subiu em cima de um jeep e eu pensei que ele iria embora. 

PIIIIIIIIIIII

Volta o Tuga apitando feito louco. Lembrei-me da minha falta de atenção e não consegui segurar a gargalhada. E a brincadeira por muito tempo continuou. Ele pulava, dançava e cantava na frente dos veículos. A alegria, de novo, voltava às ruas geladinhas de Mariana. O público ria dos motoristas dançando junto com o palhaço. Ria até das pessoas que não tinham paciência, ou tempo, ou sabe-se lá o quê, para as brincadeiras. 


Na correria do dia-a-dia muitas vezes não paramos para apreciar um momento divertido, ou uma paisagem bonita. As coisas passam e a gente nem vê. Voltei para a casa pensando em como seria a reação dos motoristas se essa intervenção acontecesse em uma cidade grande com o trânsito caótico, essa eu queria ver...





segunda-feira, 7 de maio de 2012

A vida, um picadeiro, viver, um malabarismo

Laura Ralola




Marolinha é um palhaço de apenas cinco anos. Nasceu numa noite em que a lua sorria, dentro de uma barraca em um povoado minúsculo. O espetáculo do circo em que seus pais viviam acontecia na mesma hora em que dona Ana, uma das cozinheiras do circo, ajudava em seu parto. Dona Ana limpou e vestiu Marolinha bem a tempo de correr para dentro do circo e mostrar ao bebê o show dos trapezistas. “Aquele lá, no ar, é seu pai, neném”, apontou ela. 

Aos dois anos, Marolinha, que fora registrado como Antônio, já tinha total intimidade com os malabares e gostava de pintar o rosto e apresentar, junto com seus coleguinhas, espetáculos exclusivos para os companheiros circenses. Aos cinco, já tinha um pequeno número no circo e era sempre aplaudido de pé pelo público. A vida itinerante era a única que ele conhecia. Vivia de forma simples. O menino só se queixava do calor que fazia a noite dentro da barraca. Seu presente no último aniversário havia sido um ventilador enferrujado e barulhento. O ventilador era o bem material mais valioso que Marolinha possuía. 


Era o filho que todos os pais circenses desejavam ter. Quase nunca ficava doente, comia pouco e não chorava por nada. Apesar de não frequentar a escola, era uma criança inteligente. Aprendia rápido e pescava as coisas no ar. Marolinha sabia que algo não andava bem no circo. Estavam na cidade há três dias e por algum motivo ainda não tinham nem estendido as lonas. Os olhos de sua mãe estavam fundos e cansados e o garoto se assustou quando ela o mandou entrar na barraca. “Precisamos conversar”, disse. Ufa! A notícia não era ruim. Marolinha saiu da barraca pulando de felicidade. Iria ganhar um irmãozinho. Não era possível compreender o porquê do nervosismo e falta de paciência da mãe e nem o uso excessivo de álcool e tabaco do pai. Todos no circo estavam estranhos. “Problema de adulto” era o que ouvia quando perguntava o que estava acontecendo. 

Certa madrugada, quando levantou para ir ao banheiro, Marolinha percebeu que estava sozinho na barraca. A caminho do banheiro, escutou uns cochichos distantes e, automaticamente, foi seguindo as vozes. A maioria dos adultos do circo sentava em volta de uma fogueira e a discussão parecia séria: “O prefeito da cidade não libera alvará para nós começarmos as apresentações, parece que há pressão dos comerciantes locais”, “os bombeiros não aceitam que nossa arquibancada seja feita de madeira”, “acho que deveríamos ir para outra cidade o mais rápido possível. Nosso estoque de comida está chegando ao fim”. Foi aí que Marolinha entendeu o motivo pelo qual estavam tomando sopa rala há duas semanas. 

O mágico, que há muito estava quieto e parecia absorto em seus pensamentos, sem mais nem menos desatou a falar. Ele queria ser visto como um cidadão comum, não aguentava mais viver à margem da sociedade. “Falta muito para tudo na cultura, não sei como é que pode ser ainda pior no circo”, desabafou com os olhos brilhando antes de abaixar a cabeça e voltar para os seus pensamentos. O garoto se assustou ao ouvir o choro agudo de sua mãe, ela dizia algo sobre a dificuldade de conseguir um médico no serviço de saúde pública para acompanhar sua gravidez e que estava muito preocupada, pois já não era tão jovem. A saúde pública no Brasil já é deficiente e, para alguém que não tem endereço fixo, é ainda mais difícil. 
Marolinha nunca havia presenciado um momento tão delicado e, chorando também, correu para os braços dos pais. Foi desse jeito que o menino começou a entender algumas coisas do circo, além dos malabares e da alegria, coisas sérias, coisas de gente grande.


A história de Marolinha é a história de muitos artistas circenses, que ilustra o que foi falado no bate-papo entre as ativistas Sula Mavrudis e Alice Viveiros nessa segunda-feira (30) no Teatro SESI. Nesse debate-espetáculo do CIRCOVOLANTE – 4º Encontro de Palhaços, o circo foi o palco, mas também o tema, e o motivo de discussões sobre avanços, retrocessos e leis para a categoria no Brasil.


Alice Viveiros
Foto: Beatriz de Melo

Sula Mavrudis
Foto: Beatriz de Melo

terça-feira, 1 de maio de 2012

Poderíamos ser infinitos se fôssemos música

 Tamires Duarte


Fotos: Raísa Geribello



Ah, São Pedro! Ah, Santa Clara, clareia! Parece até que você não gosta de música. Não, eu prefiro não acreditar nessa hipótese; isso não é possível. Mesmo com o tempo instável, a apresentação continuou. Como o DJ Afro Bool mesmo disse: “música é arte, cultura, essência. Estado de espírito. Som e silêncio. É uma forma de expressão que utiliza sons como matéria prima.”


“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende."   (Arthur Schopenhauer)


No último dia do encontro de DJ’s, promovido pelo CIRCOVOLANTE – 4º Encontro de Palhaços, Guilherme Carvalho, Vinícius Verona e Leandro Rodrigo (DJ Afro) inovaram a apresentação. Desde sábado, cada um teve uma apresentação solo, e nesta terça-feira (01) eles se juntaram para mostrar que a difusão da música, brasileira ou internacional, é um trabalho em família, conjunto, e que todo e qualquer estilo merece ser aplaudido, comemorado e divulgado.


“Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas."  (Leonid Pervomaisky)


Palavra chave: família. Apesar de o público se transformar a todo instante, a escolha das músicas foi feita para agradar desde os mais pequenos, aos pais e avós que transitaram na Praça Gomes Freire (Jardim). Assim como a plateia, a música e o circo se renovam. Estão em constante mutação, o tempo inteiro. Enquanto houver uma criança para alegrar, existirá um palhaço; enquanto existir som, movimento, sentimento, existirá a música. E enquanto houver esta mistura, existirá o Encontro de Palhaços em Mariana! Amém nós todos!



Se o palhaço de rua tivesse um telhado

Jamylle Mol




Fotos: Raísa Geribello


 Se o palhaço de rua tivesse um telhado – desses feitos com telhas e forros de madeira ou concreto, o sol forte dos dias quentes não queimaria o rosto do artista. Nenhum palhaço teria aquelas bochechas rosadas, queimadinhas de sol.


Se o palhaço de rua tivesse um telhado, o vento não derrubaria os acessórios do cenário e, assim, não seria preciso improvisar nenhuma piada! Nenhum garotinho admirado sentiria o coração disparar ao ver o palhaço vir até pertinho dele para buscar o chapéu que caiu no chão.

Se o palhaço de rua tivesse um telhado, as estrelas que compõem a cena ficariam de fora do espetáculo, curiosas, lá de cima, no céu, imaginando o que se passa... A lua, que, os mais atentos percebem: fica mais assanhada em dia de palhaçaria na praça, não assistiria a nada.  Mudaria o calendário e minguaria, assim, só de birra.

Se o palhaço de rua tivesse um telhado, as risadas das crianças; daquele velhinho que, mesmo não escutando muito o que o palhaço diz, dá gargalhadas como se fosse moço; da menina mal humorada que esquece as tristezas e se abre pra alegria; do gordinho que ri segurando a barriga e de todos que se concentram no espetáculo ficariam abafadas. Presas entre quatro paredes, restritas, debaixo do telhado. Até o latido do cachorro de rua, que se assusta com o barulho da corneta, ficaria ali, estático.




  
Se o palhaço de rua tivesse um telhado, a chuva nunca atrapalharia o espetáculo. O figurino ficaria sempre seco, a maquiagem bem feita, os cabelos desordenadamente em ordem. Não existiria aquela tensão que faz o artista olhar por entre o cenário para ver se as pessoas ainda estão lá, mesmo com o barulho de trovões.
Se o palhaço de rua tivesse um telhado, não seria palhaço de rua. Seria outra coisa. Palhaço de rua, não. Palhaçada na praça tem direito a bochecha queimada de sol – tanto da plateia quanto do artista. Tem participação da lua, das estrelas e até das nuvens que, ora aparecem, ora saem de cena. Espetáculo na rua espalha, na cidade, as risadas todas que resolvem se libertar dos seus donos. No dia seguinte, o trabalhador que passa pela rua onde teve palhaçada, ainda sente um eco bom de gente feliz.
Se o palhaço de rua tivesse um telhado, ontem, a Praça da Sé não teimaria em abrigar as pessoas que se recusaram a ir embora quando a chuva caiu. As palhaças do “Seres de Luz” não improvisariam com as doidices do tempo, nem teriam alegrado o menininho que estava debaixo do guarda-chuva... As palavras mágicas “A-las-pi-pe-tuá” não teriam tido um quê de verdade, já que fizeram relampear sobre o público. Nada disso existiria, se o palhaço de rua tivesse um telhado.

Nariz vermelho, sapato comprido, rosto pintado, peruca colorida. Violão de madeira – sem corda, com som. Corneta, tambor, balão. Apito, algodão-doce, bolinhas de todas as cores. Saco de farinha, copo de vidro, calça larga – meio xadrez, meio estampada. Cueca de coração por baixo da bermuda. Com tanta coisa linda dentro do baú, por que é que o palhaço de rua precisa de telhado?





“Vou-me embora...”

Tamires Duarte


(Escuro. Silêncio. Cinza.) Meu cinza.

-Respeitável públ...Onde está o meu público? Voltem, eu ainda não me apresentei. Voltem e me ajudem... perdi as minhas cores. Ah cores, meu mundo está cinza, meu riso... mas que riso? Ele não mais existe. Como ser um palhaço cinza, num mundo colorido? Minha identidade é o meu nariz vermelho, e as cores, meu mundo é o palco, a rua. Pessoas. Se não tenho mais nada disso, quem sou eu? É como se eu não fizesse mais parte do mundo, me reduzi à sombra.

Costumavam me chamar de Pangaré, mas a vida real referia-se a mim como Benjamin. Passado, pois agora nem do meu presente eu sou dono. A maquiagem saiu, agora só resta o coração pintado nesta solidão. Aguardo o momento da minha apresentação no palco da ilusão.

São Filomeno, protetor dos comediantes e palhaços, peço a você o meu público de volta. Sou viajante do tempo e da história, meu ofício é trazer a felicidade. Minha técnica se tornou minha personalidade.
Será que eu ainda consigo te fazer rir? A plateia me aplaudia, e você me adorava. Não sei que papel faço, ontem fui seu amor, e hoje nem seu palhaço. O circo é feito da mesma matéria do sonho, e nesse relicário, eu achei meu espaço. Vou-me embora pro circo, minha colcha de retalhos, meu público voltará. Lá tenho a vida que quero, o destino que escolhi, e a liberdade de ser feliz.
Na vida a gente tem que fazer o que a gente sabe fazer. A câmera filma, o jornalismo escreve, e eu sou palhaço... Corta!

(Aplausos. Cortinas. Público)
(Luzes)... Então sonhei um sonho tão bom, desses que podem virar roteiro de filme.

(...)

Dando continuidade à programação do CIRCOVOLANTE – 4º Encontro de Palhaços, foi exibido nesta segunda feira (30) o documentário/making off “Palhaço.doc”,  fruto do filme “O Palhaço” de Selton Mello ( 2011. Imagem Filmes). O diretor do documentário, Marcelo Paes Fontes, esteve no SESI na companhia da atriz Teuda Bara para dividir com o público algumas histórias dos bastidores da produção. Os convidados também contaram detalhes sobre o processo de pesquisa, que envolveu viagens por todo o Brasil com o intuito de colher material para a produção e execução do roteiro.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Furreca, esse palhaço todo!



 Nathália Souza Silva

Foto: Di Anna Lourenço

O que é ser palhaço? Palhaço tem que ser dramático, não só fazer rir, mas fazer pensar também, tem que levar alegria, criticar os nossos problemas, gerar reflexão sobre nosso país. Ser palhaço é divertir e promover o lazer para todas as classes sociais, é saber se apresentar para outros palhaços também, mas não gostar; é fazer um espetáculo na Policlínica do bairro Cabanas por exemplo, é saber descentralizar. Ser palhaço é nascer assim, e o trabalho só de vez em quando.

Ser Eduardo Dias é ser palhaço, o Palhaço Furreca. Mas o “querer-ser”precisou enfrentar os obstáculos, as provações, e até as piadas ruins contadas pelo tempo e pela vida. Seu pai nunca concordou em ter um filho “assim”, “arrume um emprego de verdade!”, dizia. Todavia, assim como os espetáculos, as pessoas são imprevisíveis, e ao assistir um show de Eduardo e seu filho, o velho se emocionou e acabou apoiando a decisão do filho.

Durante uma crise financeira, Eduardo quase desistiu de ser Furreca. Era uma situação complicada, faltava dinheiro, faltava tudo, e o fundo do poço se aproximava. Porém, no poço desse palhaço havia uma cama elástica daquelas! Para ele, foi preciso cair para se levantar ainda melhor, senão, qual seria o sentido de ser palhaço?

Hoje, Furreca encanta os espectadores com sua história de amor, drama e intriga no espetáculo “Circo de Bonecos”. Foi assim, debaixo de sol forte, que seus bonecos Sônia (amor de Furreca), Feijão (dono do circo), Mão Grande (vilão) e o próprio Furreca, fizerem um enredo divertido e ao mesmo tempo crítico nesta segunda-feira (30), na quarta edição do Encontro de Palhaços.

O cenário montado no lugar da apresentação e os bonecos confeccionados pelo próprio Furreca deixam o espetáculo simples, tornando-o especial, mágico. A história dos personagens se confunde com a história real: um dono de circo que foi roubado, um vilão trapaceiro, e um palhaço apaixonado. Eduardo Dias Furreca é esse palhaço todo; crítico, um artista arrojado que carrega uma mala, o amor pelo circo e a saudade do pai.

Foto: Di Anna Lourenço

Dedé de cara limpa



Jamylle Mol

Foto: Jamylle Mol

'Uma cambalhota, duas cambalhotas... Bravo! Bravo!'

“Tenho cara de baiano e nome de alemão, mas, já que ninguém é perfeito, nasci em Niterói, no Estado de miséria desse Brasil de meu Deus. Graças a minha mãe que me teve – porque, se ela não tivesse me tido, eu não estaria aqui – integrei uma família grande. Dos meus irmãos, sete não deram pra nada. Eu, nem pra isso dei. 

Acho que os aplausos são o incentivo do artista. No entanto, não consigo me lembrar do primeiro aplauso que recebi: tinha apenas seis meses de idade! Participei de uma peça de teatro – dessas sérias, que fazem o público inteiro se derramar em lágrimas – e, por sorte, acaso ou destino de artista, chorei no momento exato que o personagem deveria chorar! Aplausos pra mim!

Já garoto, fui um palhaço muito sem graça, era o quebra-galho das matinês dos espetáculos da família. Fazia piada, dava cambalhota e ninguém ria. Um dia, entrei em cena e, como num milagre, o público riu de tudo o que eu disse: alguma coisa estava esquisita! ‘Será que estou de ceroulas de fora?’. No fim do espetáculo, surpreso pelo sucesso recém-conquistado, percebi que, no corre-corre para entrar em cena, havia me esquecido de pintar o rosto! Desde então, entendi que sou palhaço sempre, assim mesmo, de cara limpa! Todo mundo na vida nasceu para alguma coisa, não é?

Minha primeira vaia? Ah sim... dessa, me lembro! A dupla Tonico e Tinoco se apresentaria no circo da minha família. Como eles eram muito requisitados em diversos locais, demoraram a chegar. Para enrolar a plateia, já impaciente, me puseram para contar piadas. Na quinta vez que voltei ao palco, não deu outra: uuuuuuuuuuuu. Vaia na certa!

Dei meu primeiro autógrafo para uma moça bonita que vi na feira, fiquei emocionado quando encontrei com ela anos depois... O primeiro autógrafo a gente nunca esquece.

O que? An? Calma, calma, já vou falar dos Trapalhões!

Eu sempre quis fazer cinema e, num desses encontros felizes que a vida nos traz de brinde, conheci o Renato (É! O Aragão! O Didi...). Com ele, fiz mais de setenta filmes que, para nossa surpresa, alcançaram sucesso de bilheteria recorrente. 

Sou lutador de MMA, tenho sangue alemão por transfusão, um filho de 16 anos, sou aposentado como cortador de camisa... TÁ BOM! VOU FALAR DOS TRAPALHÕES! 

Bem, depois de um tempo, eu e o Renato (Já falei que sim, é o Aragão, o Didi... vocês estão com a cabeça onde, heim?) nos juntamos a duas grandes figuras: uma delas, o maior ator brasileiro, o Zacarias. A outra, um comediante nato que, embora afirmasse que o que sabia fazer bem era tocar samba, foi o personagem mais engraçado dos Trapalhões. Cacildes, Mussum! Nunca me considerei um dos Trapalhões, mas, sim, o maior fã que eles têm. 

Como assim nosso tempo já está acabando? Tem outra apresentação na praça? Se é assim... já vou terminar, pode soltar a música que eu vou falando...

‘Uma pirueta, duas piruetas... Bravo! Bravo!’

Quem nasce em Alagoas é sapo! Quem nasce em Natal é Papai Noel! Quem nasce em Mariana? Ah, quem nasce em Mariana é gente boa, bonita e carinhosa!

Lembrem-se: palhaços, humoristas, escadas e demais artistas do humor sempre farão sucesso, sabem por quê? Porque nasce criança todo dia! 

Hoje, com a idade que eu tenho (Já tô terminando, Baiaco! Já tô...), percebo que tudo que eu sou, esse tudo que eu me transformei, devo um pouquinho a mim. O resto, TODO O RESTO, é culpa de vocês! O público é a coisa mais importante entre todas as coisas!

Bom, Mariana, esse não é um adeus... pretendo voltar aqui muitas e muitas vezes. Nada de adeus, mas até breve, até o ano que vem! Até os anos que virão! Eu sempre sou bem recebido, mas aqui... é sensacional!

O QUE? EU ESQUECI DE ME APRESENTAR? 

Sou o Manfried Sant´anna, mas podem me chamar de Dedé!”

E, assim, a Praça da Sé foi se esvaziando aos poucos. Desconfio que tudo – igreja, escadarias, pés de moleque que compõem a rua, lampiões nos postes e o que mais tem por lá – espera ansiosamente o próximo encontro: de palhaços, de alegrias, de emoção, de Dedé Sant’anna.

O sorriso d”O Palhaço”


 Bruna Silveira

Do lado de lá, uma lona, palhaços, músicos, magia, arte, público, vida, ficção, angústia, gargalhadas e uma câmera. Do lado de cá, cadeiras, um teatro vestido de cinema, olhares atentos, ouvidos aguçados, cochichos, risadas, lágrimas, uma tela e aquele eterno cheirinho de pipoca. Lá fora, palco, crianças, fantasia, realidade, ladrilhos pisados por sapatos compridos e redondamente pontudos, cidade colorida por narizes vermelhos, algodão doce, bolas de sabão, rostos-sorrisos... Ah, era o circo! O circo que invadiu Mariana e a deixou assim, a pintou assim, sem medo das tintas, sem pudor das gargalhadas longas, daquelas que fazem até a barriga doer.

Eram três os mundos da noite de domingo na pequena cidade. Um, apesar de ter até quem o dirigisse, aplicava gotas reais de sensibilidade a quem o assistia, peça de outro dos mundos. Mais que uma sessão, “O Palhaço” foi um espetáculo. Mais que um espetáculo, o que vimos foi a vida por trás das cortinas. E se engana quem pensa que ela é sempre marmelada, goiabada e luz. O homem pintado de piadas pensa em futuro, tem sonhos e pode até se magoar.

As cores do picadeiro do “Circo Esperança” se misturaram à escuridão do cinema, camuflaram o que era real e iluminaram o mundo de cá. À flor da pele ficaram os sentidos, que quase podiam tocar os pensamentos de Benjamim, intensamente traduzidos por Selton Mello.

Como todos que cá estavam, ele tinha um sonho. Como todos que lá fora andavam, ele tinha angústia. O palhaço Pangaré, ou o Benjamim, era a graça que as pessoas encontravam para o dia-a-dia. Estranho, e quem mesmo faz o palhaço sorrir?

Ao fugir, ao sentir falta do vermelho vivo, daquele tom amarelado e dos aplausos, ele achou a resposta que procurava. Quem faz o palhaço sorrir é o picadeiro, são as cores, é cada sorriso arrancado de alguém, é cada olhar com admiração, é a sanfona, é a maquiagem, são os sons improvisados da corneta, são as repetidas brincadeiras. Quem faz o palhaço sorrir é a sua vocação para ser o que é, palhaço.

 Os três mundos ontem se abraçaram. Os créditos apareceram e as pessoas com certeza não saíram do SESI do mesmo jeito que entraram. Com certeza aplaudiram aqueles artistas que se apresentavam lá fora com uma vontade diferente. Ao rir deles, agora mais do que simplesmente achar engraçado, pensavam em dom, em alma. 

Porque, afinal de contas, cada um deve fazer o que sabe fazer. O gato bebe leite, o rato come queijo e eles? Ah, eles, sim, são palhaços.

Foto: Di Anna Lourenço

Como é que se diz malabarismo?



 Jamylle Mol


Foto: Jamylle Mol



Foto: Paula Peçanha
Por definição geral, malabarismo é uma das atrações pioneiras do circo tradicional. É a capacidade de manter, no ar, argolas, bolinhas, claves, copos e o que mais a criatividade do artista permitir.  Malabarismo, em essência, é a arte de manipular objetos com destreza. É a habilidade que permite a alguém fazer tanta graça com as coisas a ponto de confundir os olhos do público, que fica sempre atento à dança colorida que os objetos formam no céu.

Para assistir aos malabarismos da dupla “Duo Morales”, as pessoas encheram a Praça Gomes Freire, e, como uma prévia do que viria, se equilibraram também, umas entre as outras, para enxergar o melhor ângulo do espetáculo. Sentados em um dos banquinhos da praça, com direito a uma visão panorâmica do que estava por vir, dois garotinhos –  um deles, com o nariz pintado de vermelho –  reparavam a montagem do cenário, balançando os pés, numa ansiedade dessas urgentes que se tem quando criança de quatro ou cinco anos:

– Eu gosto mesmo é daquele negócio ali, sabe?
– Que negócio?
– Aquele ‘trem’ ali no chão, laranja e amarelo...
– Ah! A sanfona?
– Nããão! Aqueles troços pequenos que parecem uma roda...
– As argolas?
– Chama “argola”?
– Chama, né! É de fazer mabalarismo!
– Fazer o que?
– MA-BA-LA-RIS-MO! É o que os palhaços vão fazer hoje, não sabia?
– Não! O quê que é mabalarismo?
– É assim, oh: o palhaço sai pegando as coisas no chão e joga pro alto! Depois, ele pega tudo de volta, sem deixar cair nadinha! Eu sei fazer também.
– VOCÊ SABE FAZER MABALARISMO?
– Sei.
– Então, me mostra!
“Contagem regressiva! Mil, Novecentos e noventa e nove...”
– Agora, não dá... vai começar o show, olha lá o palhaço contando...
“Novecentos e noventa e oito, um! Respeitáááável público, com vocês: Guga Morales e Dani Morales!”
– Depois do show, você me ensina a fazer mabalarismo?
– Shiiiiiiii! Tô prestando atenção ali, não tá vendo?
– Ensina?
– Vou pensar. Agora, fica quieto!

Argolas para o alto, prato em uma mão, taça de vidro em outra. Bolinhas fazendo uma roda em frente ao malabarista vestido de azul. Claves rodando por cima das cabeças das crianças que acompanhavam o movimento dos objetos sem piscar, para não perder nem um minuto da festa.

Os dois garotinhos, agora, de pé em cima do banco da praça, assistiam a tudo admirados. O menor, de nariz pintado, de vez em quando lançava um olhar espantado para o amigo, como se pensasse “e ele sabe fazer isso tudo também!”...

Fim do show, hora dos agradecimentos:
“Esse foi o show de malabarismo da Duo Morales, no 4º Encontro Internacional de Palhaços...”
– Ele falou “ma-la-ba-ris-mo!”...
– É! Eu já te expliquei o que é mabalarismo, não expliquei?
– Mas não é mabalarismo que fala, o palhaço disse ma-la-ba-ris-mo!
– Olha que eu não te ensino a fazer nada!

O menino não insistiu. A vontade de aprender com o outro devia ser maior que a necessidade de ouvi-lo dizer a palavra de forma correta.

Enquanto o garoto de nariz pintado se distraía com o fim do espetáculo, o menino malabarista puxou a calça da mãe, que estava logo atrás dele:

– Mãe, como é que se diz malabarismo?

Público brasileiro é descadeirado por dois argentinos


Flavia Pupo


Foto: Paula Peçanha


Sobe uma cadeira, sobe duas e sobe três. Uma em cima da outra. Crianças assustadas, olhos brilhando e sorrisos contagiantes. São os palhaços Mercúrio e Cloro, do espetáculo “Os Descaderados”, do grupo de teatro e circo El Indivíduo. Entram no meio das crianças que estavam ali, sentadas no chão, como em uma roda de “ciranda, cirandinha” improvisada. Todos interagem, conversam e brincam como em uma brincadeira de criança. E dessa maneira, eles misturam teatro e circo numa mesma apresentação. 


Foto: Paula Peçanha
E olha o fim do espetáculo! Esse é o pensamento de todos os presentes. É mentira, respeitável público! É nesse momento que eles sobem juntos na cadeira que já não possui todas as madeiras e, dessa vez, com o microfone na mão discursam sobre a valorização do circo de rua, trabalho realizado por eles nas ruas de Belo Horizonte há alguns anos. 

Atrás daquele nariz pintado e um carisma enrustido pelos gestos faciais, eu descobri dois argentinos que não comem alfajor, não são fãs de Maradona, nem de Tango. Vivendo há 17 anos em Belo Horizonte, são quase mineirinhos natos, fãs de pão de queijo e torresmo, com uma simpatia no rosto que foi capaz de fazer com que a plateia aplaudisse de pé a apresentação. O interesse pela arte não é de berço, ela veio aos 18 anos de idade quando já estavam envolvidos com o teatro. A união com o circo veio um pouco depois. Diego Gamarra, conhecido como palhaço Cloro, afirma a importância de eventos como esses para a região: “Além de grande relevância para nós, palhaços, o evento proporciona uma troca de experiências entre as pessoas e os artistas.”

Foto: Paula Peçanha

domingo, 29 de abril de 2012

Hoje é dia de circo, bebê!



Nathália Souza Silva


Fotos: Gustavo Proti

O “Ateliê o Riso In Formação” deu o ar de sua graça e diversão no jardim de Mariana, enchendo com mais alegria e cor a vida das ruas e as almas da cidade. O apresentador foi o marionetista e diretor da Cia Navegante de Marionetes, Cantin Nardi. Ele encenou o interativo italiano Godofredo.

Quem abriu o espetáculo foi o Palhaço Sufoco (Rafael Mourão), dando um show de mágicas, contagiando e prendendo a atenção de todos. Os gestos no ritmo da música, a harmonia deixou a apresentação ainda mais dinâmica. A cada novo número eu me impressionava mais, pois as mágicas eram perfeitas! Ao final, fiquei atônita tentando achar explicações lógicas para as ilusões.

Em seguida, a palhaça Jobinha sai detrás da arquibancada com uma bolsa, passa por entre o público e  conversa embolado, falando sua própria língua. Grávida de papel higiênico, ela me fez sentir o chute do “bebê”, mas o que eu senti foi o chute do pé dela, e forte! A chuva chegou, e infelizmente, o show de palhaçadas teve que ser interrompido. “São Pedro” deu uma trégua, o espetáculo pode continuar. 
Os palhaços ÉLegal (Rodolfo Gular) e Fidirico (Fred Lima) retomam o show: “Chega mais perto gente!” Eles apresentaram parte de um espetáculo da dupla, o “Pele e Osso”, que consiste em entradas clássicas, artista e cenário juntos. Fidirico já esteve em outras edições do evento e ÉLegal estreia sua participação nessa 4° edição. No camarim, ele brinca ao dizer que Fidirico é “velho de guerra”. 



Fechando com chave pintada de ouro e muita diversão, o Circo Alônico de Belo Horizonte apresentou os palhaços Calça Curta (Adi Ferreira) e Cebolinha (Diego Silva). Eles encantaram a plateia com suas acrobacias e saltos mirabolantes. Apresentaram seu próprio espetáculo, “O último copo d’água”, e o adequaram para marcar a estreia do grupo no Encontro.

O CIRCOVOLANTE trouxe para manhã desse domingo (29) muita diversão e cultura circense aos moradores, aos turistas e a todo mundo! Afinal, os espetáculos são gratuitos, o circo é nosso, e “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!”



A Turma do Biribinha emociona público na praça da Sé



Flávia Pupo

Fotos: Jamylle Mol
     


Praça lotada com gente de todas as idades, gente que chora, que ri, que se envolve. O cenário era daqueles que voltam a uma época em que a praça da cidade do interior de Minas Gerais era o único local que um palhaço tinha para se apresentar. Os curiosos faziam uma roda e ficavam ali mesmo estagnados, em pé ou sentados no chão conseguiam se sentir a vontade como na sala de estar da sua casa.  

Muitas risadas, roupa colorida e brincadeiras com o público. Foi assim a noite do último sábado (28) na praça da Sé as 21h. O palhaço tinha nome e o espetáculo também: A Turma do Biribinha em “O Reencontro de palhaços na Rua é a Alegria do Sol com a Lua”. A turma é formada pelos palhaços Teófanes (Biribinha), Iran (Biriba) e Gutemberg Silveira. O público foi surpreendido pelo uso de instrumentos musicais inusitados, como copos de vidro.

Foi a primeira participação de Biribinha e seu grupo no Encontro de Palhaços de Mariana. Ele que é natural da Bahia, começou no circo desde criança, aos três anos de idade. De família circense, aos 62 anos, o artista ressalta a importância de eventos como esse: “É emocionante estar aqui, pisando no solo que tem um passado com um resgate cultural tão forte e com um público com a energia tão contagiante.” E acrescenta: “O Circovolante está de parabéns pela iniciativa.”

Dedé Santana arranca muitas risadas em noite de autógrafos


Eu nunca me considerei um dos Trapalhões. Eu me considerava um fã dos Trapalhões.”
Dedé Santana


Flávia Pupo



Aconteceu no último sábado (28) ás 19h, no Teatro SESI, um “Bate-papo e noite de autógrafos com Dedé Santana”. O artista falou sobre sua história, sua origem circense e sobre o grupo humorístico “Os Trapalhões”, composto também por Didi, Mussum e Zacarias. 


No bate-papo, Dedé exibiu alguns vídeos sobre sua vida, entre eles, o que dedicou aos amigos “Trapalhões”, com a música “ Amigos do Peito”, letra e música original do próprio grupo. No final, Dedé fez uma rápida apresentação com Celso Magno Hofacker Rossato, conhecido como Bahiaco, dublê de Renato Aragão (Didi), momento em que arrancou várias risadas do público. Depois dos agradecimentos, ressaltou que é um presente para ele estar no evento. “Cada vez que eu venho nessa cidade, eu fico emocionado. Já passei por muitos lugares do Brasil, mas só em Minas Gerais eu tenho esse carinho que tenho por aqui.”


Dedé apresenta o espetáculo 'Show de aniversário de Dedé Santana' neste domingo, às 21h, na Praça da Sé.

Qualquer rua é à sua maneira o mundo!


         “Eu ganhei o mundo, mas o mundo ficou menor. Eu queria viver mais o público, ficar mais próximo”

Rodrigo Robleño, aquele palhaço



Tamires Duarte


Fotos: Beatriz de Melo

Faça chuva ou faça sol – e nesse caso, fez-se chuva. Mas a maquiagem é à prova d'água, e o show do CIRCOVOLANTE – 4° Encontro de Palhaços deve continuar. A farinha “Boa Sorte” no bolso, uma mala em formato de violão, ao som de “O pente que te penteia”, de David Nasser. Respeitável público, com vocês...Rodrigo Robleño! Ou melhor, o palhaço Viralata acaba de chegar, e as pedras da Praça da Sé, na histórica cidade de Mariana, agora são o seu picadeiro.

Neste sábado (28), a plateia é dona do espetáculo, e Viralata faz questão de ressaltar isso utilizando todos os elementos a sua volta como inspiração para uma nova gargalhada. Aquele quadro, no cantinho da praça, anuncia outra apresentação. Ele apaga, e escreve seu nome em letras garrafais! O olhar do palhaço se conecta ao do público. “Ei, você!” - ele chama uma criança. “Ahhh, seu sem vergonha!” - o pai entra na brincadeira. O relógio da igreja marca o tempo real, mas é o relógio de Viralata que marca o tempo do show. As engrenagens não contam. No tempo do espetáculo tudo pode, a hora se atrasa, e logo em seguida se adianta. Tudo é moldado para tornar a atração única!


Do violão saem bolinhas, bandeiras do Brasil, pratos chineses (vindos diretamente do Rio de Janeiro, não da China), bexigas, claves e diabolo. Mas calma senhoras e senhores, ele só faz seus malabarismos com a ajuda de vocês. Quanto mais alto o grito, mais divertida e inusitada se torna a apresentação.

Por trás da maquiagem, um coração mais verde e amarelo do que nossa bandeira. Robleño, que passou anos fora do país, foi se abrasileirando. Após quatro anos no Cirque Du Soleil (2006-2010), a vontade de viver mais as pessoas, de ter maior proximidade e autonomia em suas apresentações fez com que voltasse com toda a energia. A rua como palco e o riso como principal combustível. Hoje, Viralata – que surgiu há 20 anos, devido à cara de cachorrinho pidão e os trejeitos de desenho animado do artista -, utiliza o humor como pano de fundo para fazer críticas sociais ao país.

Com um brilho no olhar sempre atento ao nariz do palhaço, as crianças foram aos poucos conquistadas pela simplicidade e inocência da apresentação. Maaaas...Tic tac, o relógio desperta. É chegada a hora de Viralata ir. Aplausos!!!




É pau, é pedra...e ao cortejo, bem vindo!



Laura Ralola




Oi?
Foto: Mari Fonseca


A cada passo, as vozes e batuques ficavam mais intensos e dava para sentir com os pés a vibração do som no chão de pedras. Ao dobrar a esquina já era possível vislumbrar uma multidão de cores (colorida) concentrada na porta da sede do Circovolante.

 O Cortejo de abertura do 4º Encontro de Palhaços estava prestes a sair. A fila para pintar o rosto estava abarrotada de crianças e adultos, e os malabaristas aqueciam seus números. O centro histórico de Mariana, transformou-se no maior picadeiro a céu aberto do meu mundo. Palhaços de todas as idades; alguns com sapatos enormes, outros com pernas de pau e até mesmo um palhaço de cabeça quadrada.  


O palhaço homenageado Cheroso e o trapalhão Dedé
Foto: Lincon Zarbietti

O Palhaço Alegria e os encontros durante o cortejo
Foto: Mari Fonseca


Xadrez, listrado, estampado. Não importa. Todas as cores estavam presentes e, assim, o cortejo seguiu seu rumo embalado por uma energia contagiante. O céu era feito de balões, confetes, serpentinas e malabares. Nem o sol forte atrapalhou o espetáculo que acontecia fora do chão, e, em terra firme, os palhaços arrancavam gargalhadas do público. Nesse universo de interação, as reações eram diversas: uns com vergonha, outros entravam na brincadeira com a maior desenvoltura, e outros simplesmente não sabiam o que fazer. Mas é também a marmelada que faz a festa, sim, senhor! E foi assim que o riso correu solto e adoidado em todo mundo.

Quase ninguém reparou, mas as nuvens, timidamente, invadiam o céu azul. Os malabaristas se juntaram e transformaram-se em um grande grupo lançando seus respectivos instrumentos no ritmo dos tambores, sanfonas e guitarras que embalavam a festa. Quem estava de mãos vazias completava o espetáculo dançando. E as famosas águas de março, que também caem em abril, pegaram todos desprevenidos. Ao invés de correrem da chuva,  se deixaram molhar, e a festa ficou ainda mais bonita. Parecia mesmo é que a chuva fazia parte do espetáculo, um “grand finale”. Talvez os palhaços tenham feito um acordo com São Pedro, efeito especial. Sabe como é, palhaço tem dessas coisas, tem mesmo uma magia inexplicável!

Foto: Mari Fonseca


Foto: Camila Dias

sábado, 28 de abril de 2012

O passado encontra o presente no 4° Encontro de Palhaços



 Flávia Pupo

Arthur Pattino Coreto Musical
Foto:Di Anna Lourenço

    O último sábado (28) não foi um dia qualquer para aqueles que passavam pela Praça Gomes Freire (Jardim). O cenário era composto de risadas, palhaçadas e a boa discoteca do Dj Gui Carvalho. O Coreto Musical é uma oportunidade para ouvir e conhecer músicas de todos os gostos e estilos.

    Os tempos são outros, as músicas são outras e as pessoas também.  Pensando em resgatar canções de outras datas, o Circovolante e o Clube do Vinil instigaram a memória, proporcionando aos jovens e crianças o contato com um cenário musical pertencente a estações passadas.

    Essa foi a primeira apresentação do dj Guilherme Amaral Carvalho (31)  no Encontro de Palhaços, mas o artista já se apresentou no Festival de Inverno, no Grito Rock e em outros festivais da região. Segundo Gui Carvalho, seu interesse pelos discos de vinil surgiu quando ainda criança. Aos 13 anos,  tornou-se um grande colecionador, possuindo, hoje, um acervo de três mil discos em sua casa. “Sempre me fascinou o fato de uma agulha fazer todo aquele barulho”, afirma ele. 
Letícia Eduarda Castilho
Foto: Di Anna Lourenço
 O artista também é o fundador do Clube do Vinil em Mariana, e proporciona, de dois em dois meses, eventos regados de oficinas culturais, discotecagem e feiras de troca. Estas feiras, segundo o artista, foram pensadas para que as pessoas possam trocar objetos usados, desde eletrodomésticos, roupas e livros, até os próprios discos de vinis.
 O Evento “Coreto Musical” terá apresentações durante todo o Encontro. Confira toda a programação aqui no Tribuna!



Foto: Di Anna Lourenço

“Amor, Mágica e Comédia” alegram crianças na Casa Lar Estrela

Flávia Pupo

Foto: Di Anna Lourenço


Na última sexta-feira (27), o mágico Silas Henrique Cardoso, 23 anos, se apresentou na Casa Lar Estrela durante o CIRCOVOLANTE – 4° Encontro de Palhaços. Estiveram no local crianças da entidade e da casa Lar de Passagem de Mariana com seus respectivos responsáveis. O evento contou com cinco apresentações, todas voltadas para o tema: “Amor, Mágica e Comédia”.  Durante a apresentação, o mágico fez uso de elementos como lenços, bolinhas e luzes que atravessam o corpo.

Estudante do curso de Educação Física da UFOP, há três anos Silas trabalha com mágica, tendo como principal estímulo conseguir levar arte, diversão e entretenimento através de diferentes narrativas. O mágico faz show em festas de crianças, de adultos e realiza apresentações durante palestras e seminários, usando a mágica como um instrumento de linguagem.

A coordenadora do núcleo de crianças da Casa lar de Passagem de Mariana, Daniela Martins Pires, ressalta a importância da participação dos jovens nesses eventos: “Achei muito interessante e atrativo. As crianças ficam bastante participativas e interessadas. É uma boa oportunidade de podermos tirá-las da casa para fazer algo diferente.”

Abram as cortinas!

 Izabella Magalhães




Foto: Mari Fonseca

Luzes, ok! Nariz, tinta e fantasia: pronto! Piadas, mágicas e gargalhadas? Sim! Está tudo armado para o CIRCOVOLANTE - 4º Encontro de Palhaços em Mariana. A cidade recebe mais uma vez, durante cinco dias, mais de vinte atrações, nacionais e internacionais, distribuídas pelas ruas históricas, pelos distritos e pelos centros especiais como a APAE e Lar Estrela, que atende crianças e adolescentes em risco social.

Em 2012, o Encontro faz uma homenagem a Otaviano da Silva Guidio, o Palhaço Cheroso, que se apresentou em grandes circos nacionais desde 1945, aos 16 anos, e até hoje, aos 83 anos, ainda arranca risadas por todo o país, se apresentando com filhos e netos no tradicional Kalahari Circo. O Palhaço vai acompanhar o Cortejo de Abertura no sábado (28), a partir das 15h, na sede do Circovolante, onde vamos pintar as crianças, reunir fantasias e fazer a festa!

Arte do improviso, teatro de rua, espetáculos de mágica, intervenções urbanas, e especialmente nesta edição, muita música para animar o Encontro e fazer dançar as pernas de pau, as saias rodadas, e as botinas enormes! De sábado (28) à terça-feira (1º) acontece o “Coreto Musical”, na Praça Gomes Freire, com discotecagem de vinil e encontro de DJ’s. Além dos shows a partir das 21h na Praça da Sé.

E se você quiser mergulhar ainda mais nesse universo, não pode deixar de conferir as exibições do filme “O Palhaço” de Selton Mello, e o documentário “O Palhaço.doc” de Marcelo Paes Pontes, que acontecem no SESI Mariana. No mesmo local, Sula Mavrudis, diretora teatral, coreógrafa e escritora, apresenta seu livro “Encircopédia”, em um bate papo interativo que discute a recuperação da tradição do circo, com a participação mais que especial de Alice Viveiros, atriz, ex vedete do teatro de revista na década de 70 e estudiosa das políticas públicas para a cultura no Brasil.

A lona já está armada, os camarins estão cheios, o recado está dado, e a memória das ruas já sabe que essa semana tem marmelada, tem palhaçada e muita luz! Respeitável público, faça parte desse espetáculo, confira a programação e chegue mais, porque os tambores já tocam!