terça-feira, 8 de maio de 2012

Agente MimoTuga fiscalizando o riso


Laura Ralola


Fotos: Mari Fonseca


Até o tempo se rebelou com o final do CIRCOVOLANTE - 4º Encontro de Palhaços. No último dia de evento, terça-feira (1), o frio cortava e saia fumaça da boca quando as pessoas falavam. A cidade de Mariana estava, entretanto, ainda cheia de alegria, gente e cores. Precisava cobrir apenas mais uma apresentação para fechar minha participação na equipe de cobertura. Por alguns minutos esperei no local marcado sozinha, em um lugar estratégico para fugir do vento. Com o passar do tempo eu permanecia no mesmo lugar, ainda só. Pensando que poderia ter me confundido com a programação segui andando sem rumo.

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Que susto! 
Um guarda de trânsito exótico, vestido com roupas laranja, passou do outro lado da rua apitando feito um louco. “O que está acontecendo?”, pensei. Porém, a distração era tanta que eu realmente não olhei para o rosto do guarda. Parecia que estava em uma cidade grande e movimentada, onde os guardas apitam sem parar por conta do trânsito infernal. Acreditando que realmente estava, apertei o passo. 

BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Jesus, o que tá acontecendo...
A buzina saía da moto parada no meio da rua e uma pequena multidão se aglomerava em volta dela. “Acidente de trânsito aqui?”, sussurrei e, com uma mescla de curiosidade e preocupação, cheguei mais perto. “Por que a pessoa que está na moto continua buzinando?”. Nas pontas dos pés para conseguir enxergar melhor vi que o motoqueiro havia ido embora sem mais nem menos. O mesmo guarda que passou por mim estava parado no local. As pessoas davam gargalhadas. “Tão rindo de que, gente?”. 

Já estava desconfiada que havia perdido alguma coisa e foi aí que,  o guarda parou mais um carro e simplesmente abriu a porta e sentou no banco do carona. Nesse momento eu, pela primeira vez, o encarei. Seu rosto era branco e o nariz vermelho. Não é que o guarda era, na verdade, um grandissíssimo palhaço? 
Como eu não reparei? Na parte de trás da sua roupa era mais do que visível, em letras garrafais, o seu nome: Tuga. Era por ele que eu esperava sozinha um pouco mais a frente. A roupa era apenas uma imitação, bem humorada, do uniforme de um guarda de trânsito. 

O palhaço Mimo Tuga fazia graça com todas as pessoas que passavam pela rua de carro, moto ou bicicleta. O público crescia cada vez mais e a onda de gargalhadas se propagava pela rua. Tinha gente que saia do carro e dançava com Tuga, outros buzinavam no ritmo do apito e das palmas. Teve um que até entregou a chave para trocar de lugar com o palhaço. Tuga saiu dirigindo o carro, mas logo o abandonou e entregou a chave para o dono. Depois subiu em cima de um jeep e eu pensei que ele iria embora. 

PIIIIIIIIIIII

Volta o Tuga apitando feito louco. Lembrei-me da minha falta de atenção e não consegui segurar a gargalhada. E a brincadeira por muito tempo continuou. Ele pulava, dançava e cantava na frente dos veículos. A alegria, de novo, voltava às ruas geladinhas de Mariana. O público ria dos motoristas dançando junto com o palhaço. Ria até das pessoas que não tinham paciência, ou tempo, ou sabe-se lá o quê, para as brincadeiras. 


Na correria do dia-a-dia muitas vezes não paramos para apreciar um momento divertido, ou uma paisagem bonita. As coisas passam e a gente nem vê. Voltei para a casa pensando em como seria a reação dos motoristas se essa intervenção acontecesse em uma cidade grande com o trânsito caótico, essa eu queria ver...





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